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O quinteto americano Tilly And The Wall (Omaha, cidade de Nebraska) pode passar diversos sentimentos para os mais variados ouvintes. Alguns adoram e acham que o grupo veio inovando, sobretudo em 2006 com o álbum ‘Bottom Of Barrels’ (que os tornou menos anônimos), isso devido à incursão de palmas e sapateados no lugar da já tradicional bateria. Outros abominam ou simplesmente taxam a banda de mais uma seguidora do indie-pop atual e que nada acrescenta ao cenário da música.



Opiniões divergentes, o grupo nunca foi tão comentado mesmo atuando desde 2002. Para uma banda com 6 anos de carreira, a divulgação ainda é pouca. Música para quem procura por novidades. Entretanto, não há como negar: sapateados e palmas em constantes aparições num disco, não se vêem todo dia. O primeiro recurso é cortesia da dançarina Jamie Williams; por sua vez, o segundo é fruto das peripécias manuais das vocalistas Neely Jenkins e Kianna Alarid. O quinteto ainda tem músicos com uma certa experiência no cenário. O tecladista Nick White já trabalhou em alguns discos do Bright Eyes.



O disco preza pela alegria, diversão e descontração. Para se tocar numa festa e ficar esperando por perguntas como: ‘O que é isso?’. ‘Que barulhos são esses que estou ouvindo?’. E não tem jeito, o padrão do grupo de compor com sapateados e palmas é a tônica desse trabalho. Tanto que ‘Too Excited’ faz jus ao título que carrega. Tão excitante e empolgada a canção que apresenta um solo de sapateado em seus 35 segundos iniciais. Para quem ouviu os álbuns anteriores, se sentirá em casa com ‘Dust Me Off’ e ‘Poor Man’s Ice Cream’. O jeito Tilly And The Wall de compor.



Claro que em ‘O’, o grupo adiciona elementos para revigorar sua sonoridade. Passa por um momento mais folk com a adição de pianos em ‘Tall Tall Grass’. Acrescenta um tom rock com riffs pesados de guitarra em ‘Pot Kettle Black’. Assumem uma postura electro-pop em ‘Falling Without Knowing’. Aqui também, há canções mais esmeradas e com harmonias mais rebuscadas, com uma preocupação de não virar hit facilmente, é o que o Tilly busca com ‘Chandelier Lake’. As grudentas ‘Cacophony’ e ‘I Found You’ ganham sopros elegantes dando um toque a mais nas melodias. Até teclados infantilóides fazem-se presentes na caótica ‘Alligator Skin’.



Ouvir Tilly And The Wall remete a muitas coisas (se você é daqueles que preferem achar mais semelhanças a qualidades numa banda). Os jogos vocais utilizados por grupos como Architecture In Helsinki e The Polyphonic Spree; o pop cândido de fácil assimilação que o Papas Fritas fazia nos anos 90; o pop divertido, nonsense e infantil do trio Bis (também anos 90); ou até mesmo o rock – em níveis não tão viscerais – do Elastica e do The Concretes.



Se alguma dessas bandas acima lhe causa interesse, conhecer o universo do Tilly pode ser recompensador e diferente. Se por acaso você não faz questão de tecer referências, escute para saciar sua curiosidade e descobrir mais um grupo que tenta inovar em meio a tanto mais do mesmo que está por aí. Contudo, ainda faltam detalhes que engrandeçam a banda e a coloquem num patamar mais privilegiado no cenário musical.

Artista: Tilly And The Wall

Disco: O

Ano: 2008

Gravadora: Team Love Records



Nota: 7,2

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