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Troy Tate Sessions

Our producer John Porter was the perfect studio technician for us” (Johnny Marr, Sounds - fev/1984)

Disappointment is not strong enough a word” (Troy Tate, NME - 1984)

Lançado em fevereiro de 1984 e produzido por John Porter (que também produziu Meat Is Murder e Hatful Of Hollow), o álbum de estreia dos Smiths poderia ter se chamado ‘The Hand That Rocks The Cradle’ e ter o nome de Troy Tate (ex-guitarrista da banda Teardrop Explodes) como produtor, nos créditos.

Antes de entrar no Elephant Studios, em Londres, em julho de 1983, para as sessões de seu primeiro álbum, os Smiths só haviam lançado um único single, o polêmico “Hand In Glove”, em maio de 83 e feito duas apresentações para a Radio One (BBC), nos programas de John Peel (maio/83) e David Jensen (julho/83). Por indicação de Geoff Travis, dono da Rough Trade, Tate foi designado para produzir o álbum, que estava programado para se chamar ‘The Hand That Rocks The Cradle’. Depois de um mês de trabalho, quatorze canções haviam sido gravadas (pretendia-se lançar onze no álbum - ver lista ao final da matéria) e “Jeane” seria o lado B do single “Reel Around The Fountain”, que seria gravada na segunda apresentação que fariam no programa de Jensen, com a mixagem a cargo de Tate.

Nada do que havia sido planejado se concretizou: o material gravado em estúdio com Tate nunca foi lançado oficialmente, assim como Tate nunca chegou a mixar o single. A versão de “Reel Around The Fountain”, apesar de gravada, nunca foi ao ar, por alegações da BBC de fazer alusão à pedofilia; Travis, preocupado com a qualidade do material que tinha em mãos, resolveu pedir a opinião do produtor John Porter, entregando-lhe uma cópia do material já gravado e prestes a ser lançado. Após ouvir a fita, Porter deu uma opinião negativa do que havia sido produzido por Tate, oferecendo-se para produzir a banda e gravar todo o álbum novamente, o que foi aceito por Travis e também por Morrissey.

Em 1984, saia finalmente o tão esperado début da banda de Manchester, com produção de John Porter. Para alguns, a produção de Porter “limou” o som da banda, produzindo um resultado “artificial”, retirando parte da espontaneidade e crueza, fato que só pode ser aferido ouvindo-se as duas versões do álbum. O próprio Andy Rourke chegou a comentar que “Troy era mais lo-fi enquanto John era mais hi-fi”.

Por outro lado, a experiência em estúdio com Porter foi bastante enriquecedora para Johnny Marr, que futuramente passaria a produzir os álbuns da banda, tanto como músico quanto como produtor, segundo palavras de Mike Joyce.

E muitos tem questionado é se o material gravado por Tate realmente não tinha qualidade para ser lançado. Simon Goddard, autor do livro “The Smiths, The Songs that Saved Your Life”, em uma entrevista, disse acreditar que a decisão de regravar o álbum se devia menos à qualidade do material e mais à política da banda naquele momento em particular, sendo, junto com Mike Joyce, um dos que prefere a versão de Tate para o álbum.

Quanto ao que se sucedeu após o lançamento do álbum de estreia, hoje é largamente conhecido por todos nós, foi a abertura do caminho para que os Smiths se tornassem uma das bandas mais cultuadas na Inglaterra e no mundo, alcançando o segundo lugar na parada britânica.

Quanto ao que teria acontecido se fosse lançada a versão de Tate, resta especular, porque o “SE” é algo presumível, abstrato, que só é possível em nossa imaginação, tomando-se alguns parâmetros ou não para se basear.

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As versões gravadas pelos Smiths tendo Tate como produtor são facilmente encontradas atualmente em Bootlegs ou em formato MP3, com o nome de Troy Tate Sessions ou The Hand That Rocks The Cradle. As várias versões existentes variam em nível de volume e velocidade.

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Troy Tate Sessions (tracklist):

Reel Around the Fountain
You've Got Everything Now
Miserable Lie
These Things Take Time
Wonderful Woman
Handsome Devil
Suffer Little Children
Pretty Girls Make Graves
Hand in Glove
What Difference Does it Make
Don't Owe You Anything
Jeane*
The Hand That Rocks The Cradle*
Accept Yourself*