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Depois de quatro décadas da morte anunciada dos Beatles, a banda que eventualmente mais marcou a história da música pop. Recordamos aqui os últimos capítulos da sua história, que girou em torno da gravação do que viria a ser o seu derradeiro álbum, “Let It Be”.

Os Beatles desistiram de atuar ao vivo em 1966, depois de uma série de turnês que, segundo os próprios, criava ao redor do grupo uma euforia e expectativa com as quais tinham muitas dificuldades em conviver. Dois anos depois, começaram a trabalhar no projeto “Get Back” (que mais tarde viria a chamar-se “Let It Be”). As gravações do disco iniciam-se numa época em que os quatro rapazes de Liverpool tinham se transformado em figuras 'maiores que a vida', dificultando o seu entendimento como banda e como indivíduos, e resultando no inevitável desfecho que todos conhecemos.

Tentando achar um substituto para o formato 'ao vivo', decidiram gravar as sessões de Get Back, no intuito de produzir um documentário que mostrasse os Beatles no seu contexto mais criativo. Mas estas mesmas imagens acabam por constituir um excelente testemunho do declínio da banda, e sobretudo do resfriar das relações pessoais entre Lennon e McCartney. Entre a presença indesejada (por alguns) de Yoko Ono, à notabilizada ausência de Brian Epstein (manager da banda desde o seu início, até falecer, em 1967) que, na maioria das situações, era um elemento apaziguador dos egos - nesta fase mais e mais agigantados. George Harrison chegou mesmo a abandonar o grupo por uma semana, no apogeu dos conflitos na gravação do disco.

A situação tornou-se de tal forma insuportável, que os Beatles rapidamente perceberam que teriam de optar: ou deixar Get Back para trás, ou correr o sério risco de desaparecer. Em consequência, avançaram para o projeto seguinte, “Abbey Road”. O culminar das sessões de gravação de “Let It Be” deu-se no dia 30 de Janeiro de 1969, data em que os Beatles fizeram a última aparição ao vivo, no famoso concerto do telhado do Apple Building. Mais tarde, e pela mão do produtor norte-americano Phil Spector, regressaram ao malfadado disco, trabalhando nele já sob o título que hoje conhecemos.

A versão final de “Let It Be” não agradou a Paul McCartney de tal forma - descontente com a produção de Spector, e a saturação de sons, acrescentados a algumas canções - que o músico viria a gravar, trinta anos depois, a sua versão do álbum: “Let It Be... Naked. McCartney viria então a anunciar, em Abril de 1970, a despedida definitiva dos Beatles, alegando não sentir condições para voltar a trabalhar com John Lennon. (Blitz)

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