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Como bom adorador da música, e também por ser um investigador da história dessa arte através dos anos, admito que tenho muita admiração pela década de 60. E acho também fundamental para quem acompanha a arte, ter apreço e conhecimento por essa época áurea e fértil de bandas sensacionais. Tal fato é levado a sério por bandas como The Explorers Club, The Shins, The Clientele, The Sleepy Jackson. Grupos que resgatam a sonoridade sixtie e fazem uma reverência a ícones desse período. Que transportam, fielmente, nossos sentidos para 40 anos atrás.



Então, apresento para vocês, mais um grupo para entrar nesse clã. Os californianos do The Botticellis. Influenciados pela historicidade musical do lugar e pelas praias ornadas ao sol, assimilaram a escola sonora das melhores bandas sixties. Porém, ao contrário do The Explorers Club que é praticamente 100% modelado nos The Beach Boys, o Botticellis foge para outras sonoridades ou para outros expoentes 60’s. Apesar de ‘New Room’ parecer uma gravação perdida da turma de Brian Wilson, há espaços para as guitarras virulentas como as que o Kinks possuía, a exemplo de ‘Up Against The Glass’, enquanto ‘Flashlight’ - com a colaboração na bateria de Jason Quever (Papercuts) - ganha nuance folk-country de algum clássico dos The Byrds.



Para não ficar apenas na comparação, o grupo mostra autonomia e segurança própria para compor peças acústicas com dedilhados oníricos e que retratam paisagens cinematográficas como faz em ‘Tongue Is Blue’. Com a canja de Anton Patzner – do Bright Eyes – lançam momentos melódicos e primaveris como ‘Who Are You Now’, canção para se curtir num domingo ensolarado ao lado de amigos ou da família. E nunca se esquecem de carregar camadas e mais camadas de instrumentos sobre vocais de apoio como executam em ‘Old Home Movies’. Ou ainda cometem a façanha de realizar pop açucarados com refrões pegajosos, ouça ‘Stay With My Brother’.



Se você – assim como o autor dessa resenha – curte a época, nem hesite. Procure por eles. Em pouco menos de meia hora, um resumo do que aconteceu em 4 décadas passadas e que até hoje é absorvido e aproveitado. Prefiro não taxar o The Botticellis de pastiche ou mera xerox de outras bandas da atualidade que já se aproveitaram do 60’s. Prefiro ouvir esse disco como se estivesse decifrando e contemplando um quadro do pintor italiano que empresta o nome ao grupo. Tanto faz se num dia ensolarado ou num dia chuvoso.



Artista: The Botticellis

Disco: Old Home Movie

Ano: 2008

Gravadora: Antenna Farm Records



Nota: 7,5