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FOREST CITY LOVERS - Haunting Moon Sinking

Trinta e quatro minutos. Esse pode ser o tempo necessário para uma banda ficar conhecida. Se por acaso a notoriedade não chegar ao grupo, pelo menos peculiaridades e particularidades nos saltam aos olhos. Algumas músicas dessa produção ficam retidas na memória por um bom tempo. Como um filme com elenco mediano, produção regular, mas que sempre deixa uma mensagem de recordação.

A comparação do filme se encaixa para a banda canadense (de Toronto, especificamente) Forest City Lovers. Com um disco de 2006 na bagagem, ‘The Sun And The Wind’, o trio formado por Kat Burns, Kyle Donelly e Mika Posen faz uma sonoridade que engloba de tudo um pouco. E isso são os próprios integrantes do grupo que afirmam na página do Myspace. Exatamente. E se você, assim como eu, acompanha a história dos grupos com vocais femininos, não se surpreenda se você encontrar ecos de bandas clássicas como The Sundays até ao atual trio de garotas do Au Revoir Simone.

Apesar de ser um disco com canções curtas, há uma intensidade instrumental no pop adocicado dos canadenses. Elementos sonoros condensados de forma competente. Belos dedilhados de cordas, teclados grandiosos porém usados de forma metódica, coro de vozes e o violino. Digo, o ‘violino’ porque o instrumento toma a cena durante todo o álbum. Impressionante como o instrumento ganha vida, notas e cores nas 11 faixas e parece adquirir vida própria. Entretanto, a talentosa violinista Mika Posen é a responsável por tais façanhas. È o próprio violino quem dá a abertura precisa, melancólica e sofisticada do possível hit ‘Don’t Go’. Em compensação, ele adquire cadência veloz e acentuada e soa alegre/festivo nas contagiantes ‘Sullen Seas’ e ‘Two Hearts’. O instrumento também ganha destaque como um fiel protagonista na semi-teatral ‘Pirates (Can’t All Sail The Indian Song)’ ou mesmo como um acompanhante ideal para contar fábulas modernas com toques folclóricos e barrocos em ‘And The Trees’.

Volto a frisar que o violino é sim, uma peça importantíssima nas composições musicais do álbum. Contudo, sem desmerecer o crédito dos outros instrumentos, também destaco o dedilhado de guitarras e o bonito coro de vozes (feminina e masculina) se confrontando sobre o folk pungente de Watching The Streetslights Glow’. Ainda ressalto o toque meio retrô, meio lírico de ‘At The Border’, o pop-country rasteiro de ‘Charlottetown’ e o clima mais rock, mais divertido e despretensioso de ‘Orphans’.

Num ano repleto de opções musicais, alguém poderia me perguntar qual a necessidade de se apegar a mais uma banda. Entendo, claro. Eu mesmo só acompanhei o disco pelo tempo curto de duração e pela procedência canadense que sempre instiga. Depois de atiçado psicologicamente, aprovei o que ouvi, apesar de julgar que as músicas precisam de mais elaboração e coesão. Isso para os próximos trabalhos. Talvez a banda nem queira essa notoriedade, e prefere ficar com o anonimato. Quase como um filme que conquistou o prêmio maior da crítica e do público, porém, que continua muito assistido com o tempo. Defina como o som do Forest City Lovers.


Banda: Forest City Lovers
Disco: Haunting Moon Sinking
Ano: 2008
Gravadora:Out Of This Spark

Nota: 7,0