
Aproveitando a reedição do álbum duplo de 1995, "Mellon Collie and the Infinite Sadness", Billy Corgan, vocalista e guitarrista do Smashing Pumpkins, deu uma entrevista à Rolling Stone sobre a gravação e o significado do terceiro disco da sua banda.
"Foi o último álbum com aquela formação. Aquela formação nunca mais conseguiu gravar junta com consistência", admite, referindo-se ao "line up" onde alinhava ao lado de James Iha, D'Arcy Wretzky e James Chamberlin.
"Acho que eu percebi [que seria a última vez que trabalhávamos juntos seriamente] e talvez isso tenha influenciado a abordagem de tentar aproveitar o que fazíamos ao máximo. (...) Os álbuns que vieram a seguir tiveram de se contentar com os restos. O "Oceania" é o primeiro álbum novo", diz, sobre o disco lançado este ano. "Todos os discos entre o Mellon Collie e o Oceania são aquilo que aconteceu depois do naufrágio".
Sobre a sonoridade de Mellon Collie , considera Billy Corgan: "Tivemos a sorte de poder fazer coisas muito negras e nos safarmos com isso. Acho que hoje em dia não podíamos levar 'Bullet With Butterfly Wings' a uma gravadora e esperar que eles dissessem: Boa, vamos pôr isso tocando no rádio. Iam achar que era muito esquisito".
Em 2012, Billy Corgan olha para Mellon Collie como um disco "perfeitamente imperfeito. Tem grandes canções e coisas que hoje me fazem pensar: se fosse hoje, tirava aquela. Estávamos mais preocupados em apanhar o espírito do tempo do que em fazer um disco perfeito. Quisemos traduzir algo que víamos e sentíamos. Nesse aspecto, é perfeito. É perfeito da mesma forma que o Dark Side of the Moon foi perfeito para a sua época", compara, referindo-se ao disco do Pink Floyd, de 1973.
"Aquela geração estava largada, aquele tempo era largado. O Mellon Collie é estranho, por ser uma mistura de niiilismo, sentimentalismo e esperança épica. Aquela geração, naquele momento, era aquilo. E nós acreditávamos na esperança. Acreditávamos mesmo que estávamos mudando alguma coisa que podia ser mudada. Isso não podemos reproduzir. Poucos anos depois todos tínhamos os nossos problemas e o otimismo e a esperança evaporaram-se".
Na mesma entrevista, Billy Corgan diz que a "era do grunge" foi a última época de grande poderio do rock.
"Ainda há muito rock progressivo e metal em um nível underground, que tem a sua vitalidade, como seria de esperar. Mas [o rock] parece ter perdido a capacidade de indicar o caminho. A era do grunge foi a última era em que um grupo de pessoas foi capaz de indicar o caminho, de forma coletiva. (...) No final dos anos 90 o Korn e o Limp Bizkit fizeram um belo trabalho. Mas parece que essa foi o último momento em que parecia que estava acontecendo algo maior que a música", defende Billy Corgan.
A reedição de "Mellon Collie and The Infinite Sadness" sai no dia 03 de dezembro e inclui, além de uma versão remasterizada do álbum duplo, um DVD ao vivo e 64 faixas extra.
(Rolling Stone/Blitz)