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Como esse estilo é aceito em diferentes regiões do Brasil

Uma idéia pré-concebida no Brasil dita que as novidades artísticas do rock alternativo produzidas fora do país apenas podem ser absorvidas por quem tem a sorte de estar bem próximo ou completamente dentro dos grandes centros urbanos. No entanto, algumas pessoas têm transgredido fronteiras territoriais e batalhado para que eventos do estilo tornem-se cada vez mais regulares, atraentes e profissionais, mesmo distantes do eixo Rio-São Paulo.

Os festivais no interior do país crescem acanhados e com pouco patrocínio. Segundo Leonardo Razuk, diretor de comunicação da Monstro Discos, selo independente responsável pela organização dos festivais Bananada e Goiânia Noise Festival, o fato de estar longe dos centros urbanos e numa cidade que não tem tradição de rock como Goiânia gera dificuldades de organização e viabilização. “O público interessado existe e está crescendo a cada dia, mas recebemos pouco apoio do poder público e da iniciativa privada”, disse Razuk. Tanto o Goiânia Noise quanto o Bananada dedicam-se ao rock alternativo e são realizados anualmente desde, respectivamente, 1994 e 1999. Nesses festivais já estiveram presentes nomes de projeção no cenário independente como Lobão, Walverdes, MQN e Thee Butchers’ Orchestra. Também já incorporaram à programação alternativa bandas internacionais como a japonesa Guitar Wolf e os norte-americanos do Nebula.

Freqüentemente, a cultura do rock relaciona-se às grandes cidades em virtude das maiores facilidades para se adquirir seus produtos. É nesses locais que, em geral, são organizados os festivais de grande porte como, por exemplo, o Rock In Rio e o TIM Festival. Eventos como esses são caros e necessitam de retorno satisfatório, que só é garantido a partir da divulgação pesada sobre segmentos do público que têm acesso à informação e buscam o consumo de mercadorias específicas. É também nas grandes cidades que se concentra a maior parte das distribuidoras de lançamentos musicais e de publicações segmentadas internacionais.

Para o jornalista Marcelo Damaso, da DançumSeRasgum Produciones, responsável pela organização de festas de rock alternativo há um ano em Belém, no estado do Pará, “longe dos centros urbanos as pessoas encontravam mais dificuldades em conseguir acesso a esse tipo de festas e discos de bandas raras. A internet facilitou muito esse mercado e é graças a ela que houve um crescimento desse público”. Portanto, mesmo geograficamente distantes dos locais de maior concentração de produtos voltados para esse estilo, com a atuação da internet tornou-se mais fácil levar o do rock alternativo para fora do eixo Rio-São Paulo, como é o caso de Goiânia e Belém.

A partir das facilidades proporcionadas pela internet em relação à busca de músicas e ao acesso do conteúdo de diversas mídias, tanto nacionais quanto internacionais, as fronteiras do rock alternativo tornaram-se mais fáceis de serem desconstruídas. Dessa forma, os últimos lançamentos das bandas escocesas, por exemplo, estão a um clique do consumidor. O crescimento de selos independentes e eventos dedicados ao rock alternativo têm contribuído para que essa cena musical desenvolva-se fora de centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro. Regiões do país que não têm grande intimidade com o estilo estão se firmando cada vez mais como pólos de expansão e inovação cultural.

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